•A Revolta Taiping: Em 1851, eclodiu uma revolta de camponeses, que se espalhou da comarca de Yang-Tsé para outras regiões chinesas. Conhecida como a revolta Taiping, só foi sufocada em 1864.
•No fim do século XIX, Grã Bretanha, França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão dividiam o imenso território chinês em diversas esferas de influência
• Tal condição vexatória na qual a China se encontrava, com perda da sua soberania e territórios, levou a outras revoltas de caráter nacionalista. O principal movimento contra o europeu na China é conhecido como Levante dos Boxers.
Pintura a óleo, reproduzindo o ataque das tropas imperiais chinesas à revolta de Taiping, publicada no jornal “L´Ilustracion”, de setembro de 1853. Pintor anônimo.
http://www.1st-art-gallery.com/thumbnail/133195/1/The-Chinese-Imperial-Troops-Attacking-The-Taiping-Rebels,-From-$27l$27illustration$27,-September-1853.jpg
Resistências: a guerra dos Boxers
•Os nacionalistas chineses reagiam contra intervenção estrangeira e ao tíbio comportamento da dinastia Manchu, então ocupante do trono imperial. No Norte da China, uma associação secreta, denominada Sociedade Secreta Harmoniosos Punhos Justiceiros, promoveu atentados e rebeliões contra estrangeiras e missionários cristãos.
•Em 1900, com respaldo popular crescente, os boxers (como eram conhecidos pelso europeus os membros da associação secreta) sitiaram o bairro ocupado pelas delegações estrangeira em Pequim. Foi o início da Guerra dos Boxers, que se espalhou das zonas costeiras para as cidades que margeiam o rio Yang-Tsé.
Cartão Postal alemão, usado em 1900, que satiriza soldados ocidentais durante a guerra dos Boxers na China, brigando entre si enquanto o chinês observa e sorri. http://collect.at/wordpress/?cat=33
Apoio aos boxers
Apoio aos boxers
•Evidenciando os muitos abusos cometidos pelos estrangeiros, a princípio a revolta foi reconhecida até por autoridades imperiais como uma insurgência legítima.
•Um dos cartazes espalhados por Pequim dizia "Odiamos profundamente os tratados que prejudicam o país e trazem calamidades ao povo. Os altos funcionários traem a nação; os baixos os seguem no jogo. O povo é injuriado mas não faltarão desagravos".
•Outros dos seus versos afixados nos templos chineses dizia: "quando os demônios de fora/ forem expulsos até o fim/ o grande Ching [a dinastia manchu reinante], unido, junto à nossa terra trará a paz enfim".Os rebeldes cercaram por 56 dias as legações estrangeiras que possuíam estavam na capital.
Litogravura. Chao (ou Tsao) Fu-tien, um dos líderes dos boxers.
A Guerra dos Boxers: o ocidente contra os “rebeldes”
•Apesar dos esforços do governo para suprimi-la quando passou a ser um problema, a Sociedade dos Boxers conta com o apoio popular crescente e promove rebeliões e atentados contra estrangeiros e missionários cristãos.
•Porém, todos os esforços se tornaram em vão e o levante foi abafado pelo exército formado por tropas ocidentais e japonesas.
Marinheiros australianos (a Austrália era colônia inglesa) na Guerra dos Boxers. http://homepage.powerup.com.au/~qdeck/sailors.JPG
•Para sufocar a rebelião, organizou-se uma junta internacional colonialista, com uma tropa composta por 20 mil soldados (japoneses; russo; ingleses,inclusive de colônias, como citado; americanos, franceses e depois por alemães) foi enviada para ocupar a sede imperial, onde penetrou em 14 de agosto de 1900.
•Os boxers, abandonados definitivamente pela imperatriz viúva Tsisi, foram cruelmente sufocados e suas lideranças decapitadas. "Arrasem Pequim!" - que seguissem o exemplo de Átila! essa foi a recomendação do imperador Guilherme II da Alemanha aos oficiais que partiam para a China.
•Depois dessa aberta e brutal intervenção militar, o outrora orgulhoso Império Celestial definitivamente tornara-se a "colônia de todas as metrópoles". Para infamar ainda mais as autoridades do império, os colonialistas obrigaram a que fossem chineses os carrascos que executaram as sentenças de morte dos principais líderes da rebelião de 1900.
Guerra dos Boxers na China: Postal usado na Alemanha, 1900.
Cartão postal satírico, alusivo a marinheiros alemães batendo em chineses. No canto superior direito, o retrato de Klemens von Ketteler, assassinado em Pequim em junho de 1900, início da Rebelião Boxer. http://collect.at/wordpress/?tag=boxer-rebellion
As rotas da guerra
•Mapa original de 1900. Ho Yi Tuan (Guerra dos Boxer) – Rotas de Invasão das 8 forças aliadas para Pequim e região.
•As chamadas 8 nações aliadas desembarcaram suas tropas em vários pontos da costa chinesa. O primeiro objetivo era remover o cerco dos revoltosos a Pequim, no entanto, a missão global foi punitiva, tanto contra os Boxers quanto contra as resistências chinesas.A luta terminou com a derrota dos chineses e a imposição pelas potências estrangeiras da política da "Porta Aberta", pela qual a China era obrigada a fazer novas concessões econômicas.
•http://www.drben.net/files/China/Source_Materials/China_Maps/Ching_Dynasty/Invasion_Routes_1T.jpg
O Ocidente sufoca a China
•Portanto, este breve resumo da história da China no século XIX, evidencia as políticas de expansão de poder ou dominação de um Estado ou sistema político sobre outros.
•Tal política, como já referido, é o imperialismo, cuja expansão se realiza através da conquista ou anexação de territórios, pelo estabelecimento de protetorados e, principalmente, pelo controle de mercados ou monopólios.
•A política imperialista não tem como objetivo necessariamente a expansão territorial e sim a ampliação do mercado através de uma política econômica liberal. Por sua vez, pode-se perceber que esta envolve sempre o uso da força e tem como conseqüência a exploração econômica, em prejuízo dos Estados ou povos subjugados.
•Além de exibir o imperialismo, a história chinesa no século XIX mostra o discurso nacionalista sendo assimilado pelos povos dominados, ou seja, pelas nações economicamente fracas.
•Nessa questão quanto à China, pode se perceber um discurso atual, no qual o nacionalismo é apresentado como fundamento para opressão, ou seja, mostra um discurso que ao nível externo resulta no expansionismo, mas internamente resulta em xenofobia.
Algumas referências
•ADLER, Solomon - La economia China, México, F.C.E., 1957.
•BIANCO, Lucien - Ásia Contemporanea, Madri, Siglo XXXI, 1976.
•BIANCO Lucien - Los origenes de La Revolución China, Caracas, T. Nuevo, 1970.
•CARR, E. H. - El socialismo en un solo país (1924-26), in História dela Rusia Sovietica, vol 3, 2ª parte, Madri, Alianza, 1976.
•CHANG, Iris - The rape of Nanking, Nova Iorque, Penguin Books, 1997
•LENIN, V.I., El despertar de Asia, Moscou, Ed. Progresso, 1979.
•MAO TSE-TUNG - Obras Escogidas, Pequim, L. Extranjeras, 4 vols, 1968.
•PISCHEL, Enrica - História da Revolução Chinesa, Lisboa, Europa-América, 3 vols, 1976.
•SPENSER, Jonathann D. - Em busca da China moderna, Companhia das Letras, São Paulo, 1966
Um comentário:
Isto explica bem a facilidade com a qual Mao reuniu a população para a revolução, e o respaldo que ganhou para punir os próprios companheiros que tentavam coibir abusos, como quando da "Revolução cultural" que em muito lembra as fogueiras de livros da idade média ocidental.
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