sábado, 26 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (última parte)

Conflitos atuais – “marcas do que ficou”

• Os conflitos atuais na África : mescla de fatores. Algumas predominâncias:
1. Componente étnico (Ruanda, Mali, Somália, Senegal),
2. De fundo religioso (Argélia)
3. Questão política (Angola, Uganda).
4. Litígios territoriais, muito frequentes na África Ocidental.

No meio dos conflitos que atormentam a África neste final de século estão vários povos e nações que buscam sua autonomia e sua autodeterminação; tais conflitos envolvem, inclusive, umaa etnia opressora.
Algumas dessas guerras são extremamente cruéis (vide Ruanda e Burundi), opondo as etnias tutsi e hutu.
Em 1994, a guerra em Ruanda já tinha provocado 4 milhões de refugiados, metade da população do país, e milhões de mortos. Os hutus são maioria da população, mas são os tutsis que dominam a vida política e econômica destes países desde que os antigos colonialistas belgas promoveram representantes deste etnia a postos de mando administrativo.
Filme recomendado: Hotel Ruanda (permanências dos conflitos)



Fonte das imagens:
http://www.tamandare.g12.br/Aulafrica/localizacao%20conflitos.htm

Fome, Peste, Guerra e Morte: os 4 cavaleiros do apocalipse na África

Legenda (livre tradução pela autora; números no mapa inseridos para facilitar a visualização)

1. Desnutrição crônica (menos de 2.300 calorias diárias por habitante, em 1995-97).

2. Graves problemas alimentares

3. Principais regiões de fome extrema nos últimos 30 anos

4. Principais conflitos nos anos 1990

5. Principais regiões de refugiados ou exilados dos anos 1990

Fonte:
http://www.tamandare.g12.br/Aulafrica/1_fome.htm

Tentativas democráticas, segundo o Le monde.
Legenda
1. Verde-claro: processos democráticos mais estáveis
2. Laranja escuro: democracias de fachada ou regimes semi-autoritários
3. Verde-escuro: processos democráticos interrompidos por um golpe de Estado
4. Marrom-avermelhado: impossibilidade de processo democrático (conflitos territoriasi, geurras civis. Estados instáveis, que não controlam parte alguma do território).


Desde as Conferências nacionais nos anos 1990, tentativas de estabelecer a democracia no Continente Africano não se consolidam, seja pelas eleições – muitas vezes comprometidas – seja pela decadência do poder estatal. A Declaração feita pela Organização da Unidade Africana (OUA) em 1999 condena o militarismo, que tem falhado na prevenção de conflitos na Nigéria, Serra Leoa, Camarões e Costa do Marfim (livre tradução por Adriane Schroeder).
Fonte:
Le monde http://MondeDiplo.com/maps/africademomdv51

* Obs. Aceito sugestões de traduções mais aproximadas.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (parte VI)

O saldo: guerras internas/eternas?

As lutas de libertação nacional envolvem uma série de guerras que resultaram em milhões de africanos mortos e geraram sequelas profundas ao continente, estendendo-se da Argélia (que, para conseguir a libertação da França, foi palco de uma guerra civil que se estendeu de 1954 a 1962) à Angola, da Guiné Bissau à Tanzânia.






A rebelião dos mau-mau



Os Mau mau eram militantes de um movimento africano cujo objetivo era pôr um fim ao domínio britânico no Quênia. Esse grupo adotou métodos violentos em 1952. Cerca de 30 europeus e 13.000 africanos perderam a vida antes que a rebelião fosse sufocada em 1956.


Na imagem, foto da captura dos rebelde mau-mau. Fonte: http://www.tamandare.g12.br/Aulafrica/descolonizacao%20e%20o%20neocolonialismo.htm
Africanos contra africanos: uma semente daninha não poderia gerar boas plantas. As rivalidades tribais foram usadas e acirradas, e outras, gradativamente criadas. Divide et impera, como já referido.

“Eu finjo que não mando, você finge que não obedece”
O imperialismo "indireto"

Em meio às guerras pela independência, foi traçada uma estratégia, especialmente pela Grã-Bretanha, para não perder de vez o domínio, uma vez detectada a inviabilidade da guerra de dominação direta.
Foi negociada a transferência do poder para elites locais, muitas delas criadas artificialmente, em troca da manutenção dos laços econômicos e políticos. Favoreceu-se, seguidamente, determinadas etnias, gerando conflitos presentes até hoje.
Dessa forma, muitos países africanos obtiveram apenas uma independência formal, que não trouxe uma independência real nem paz, nem desenvolvimento aos povos africanos. Pelo contrário, dissemina guerras, doenças e miséria.

Guerra (não muito) fria na África

• Durante o chamado período da Guerra Fria, além das guerras internas, continuaram a acontecer agressões imperialistas principalmente contra os países que optavam pela via não capitalista de desenvolvimento.
• As disputas geopolíticas entre as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética, inseriram a África na lógica da Guerra Fria, produzindo sangrentos conflitos que deixariam sequelas sentidas até o presente.
Mais referências no primeiro post.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (parte V)

As ideologias imperialistas

• Colonização Africana: amparada em ações político-econômicas, pautadas na ideia de dominação total, a partir da Segunda Revolução Industrial. Principais ideologias:
• 1 - Racismo: Não há colonialismo sem racismo – justificativa da exploração capitalista: escravatura, relações senhor-servo, mão-de-obra barata.
• “O racismo resume e simboliza a relação fundamental que une o colonizado e o colonizador” (Albert Memi: 1967, p. 68)
• 2- Etnocentrismo: ampliação do racismo. Estratégia para impor inferioridade: superioridade dos brancos europeus sobre as demais “raças – por isso, tinham por missão civilizar o mundo (“fardo do homem branco”)
• 3 - Determinismo Geográfico: a Europa, com melhores aspectos físicos, especialmente climáticos, conseguiu desenvolver-se melhor que outros continentes. Sua função é a de dominar e civilizar os menos afortunados.
• 4 – Darwinismo social – conexão entre essas idéias, partindo do pressuposto de Darwin. Afirmava que os superiores/mais fortes tem por destino natural dominar os inferiores/mais fracos. Spencer foi o principal difusor desta ideologia, usada também na dominação do próprio povo europeu, do asiático e do latino-americano.

O processo de descolonização

• O tipo de colonização trouxe implicações diretas no processo de descolonização da África
• Colônia de Povoamento -A descolonização ocorreu através de uma guerra de independência e luta de libertação colonialista. Exemplos: Ex-colônias Portuguesas.
• Colônia de exploração -A descolonização ocorreu sem a realização de uma luta de independência, mas nem por isso deixou de gerar conflitos, internos e externos.
• A descolonização Africana aconteceu num processo histórico extremamente político, iniciado após a segunda guerra mundial, quando os países europeus não mais conseguiram manter as colônias.
• Frantz Fanon, nascido na Martinica mas engajado na guerra de independencia da Argélia, denunciou que a descolonização não significava necessariamente libertação, já que os antigos senhores eram, em muitos casos, substiuídos por novos.
Leia também:
Demais referências no primeiro post.

domingo, 13 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (parte IV)

Fronteiras arbitrárias: a África atual


• Permanências da repartição colonial - 60% das fronteiras é formado por retas ou de arcos de circunferência, evidenciando a artificialidade das fronteiras.
• É possível afirmar que muitos dos conflitos étnicos que existem hoje são reflexos da partilha da África?
• Os Estados africanos atuais, na sua maioria, não tem unidade cultural, lingüística ou cultural.
• Existem casos em que um mesmo Estado abriga várias nações ou até uma única nação dividida em dois ou mais Estados.

Leia também: http://http//www.tamandare.g12.br/Aulafrica/conferencia%20de%20berlim.htm


Os “frutos” do imperialismo

• Distorções nas estruturas econômicas, sociais e culturais dos territórios dominados
• Economia tradicional comunitária ou de subsistência: totalmente desorganizada pela introdução de cultivos destinados a atender exclusivamente as necessidades das metrópoles.
• Pode-se dizer que a fome atual decorre também dessa imposição?
• Intrigas entre etnias foram estimuladas e antigos reinos destruídos, vencidos pela superioridade militar dos colonizadores.
• Guerras tribais acirradas e/ou criadas no rastro imperialista
•Vários povos, antes auto-suficientes em alimentos, passaram a depender de produtos importados das metrópoles.

Referências no primeiro post.



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (parte III)

Cecil Rodhes e o ideal imperialista.
“Eu anexaria os planetas se pudesse”


"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes". (Cecil Rhodes, incentivador da política imperialista européia)
in: http://www.colegioweb.com.br/quiz/7846?height=350&width=400


Observar a postura de Rodhes, que pretendia estabelecer uma ligação entre o Egito e a Cidade do Cabo (por isto sua posição na caricatura, evidenciando os pés e as linhas que saem de suas mãos), conectando todo continente africano e facilitando as investidas imperialistas.


Antes e depois: o continente africano retalhado.


Antes da conferência - a África em 1880

1. Púrpura: domínio britânico

2. Vermelho: domíno espanhol

3. Verde claro: domínio francês

4. Marrom: domínio otomano

5. Verde escuro: Estados portugueses

6. Rosa claro: Estados bôeres

Depois da Conferência de Berlim
1. Salmão: Possessões belgas
2. Verde claro: possessões francesas
3. Rosa escuro: Possessões italinas
4. Roxo: Possessões portuguesas
5. Amarelo claro: possessões inglesas
6. Hachurado: antigas possessões alemãs
7. Cáqui: Páis independente

As potências repartem a África

• Formação das fronteiras: imposição da conferência de Berlim.
• As fronteiras: estado orgânico colonial imposto pelas potências colonizadoras.
• A Partilha ignorou o que existia, tanto histórica quanto geograficamente.
• Tribos amigas e inimigas passaram a pertencer ao mesmo espaço colonial: as várias nações, no sentido da formações sociais antigas africanas, passaram a estar reunidas em novas fronteiras, ou separadas por estas.
• As fronteiras dos domínios coloniais foram traçadas nos gabinetes da capital alemã.
No início do século XX, a África estaria completamente retalhada pelos ocupantes imperialistas: Grã-Bretanha, França, Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, Bélgica e Abissínia
Referências no primeiro post.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (parte II)

As diferentes formas de colonização

Tipo: colônia de povoamento. Caracteres:

Ocupação: Instalação no território por uma minoria europeia .

Controle: A minoria europeia assume o total controle político.

Forças produtivas: A elite colonizadora se beneficia da força de trabalho negra e de toda economia; recebe salários mais altos.

Justificativa: A minoria branca se utiliza principalmente do racismo como opressão e justificativa ideológica.

Tipo: colônia de exploração. Caracteres:

Ocupação: A presença do colonizador se manifesta essencialmente por meio de um enquadramento militar e policial.

Controle: Funcionários das Cias. de colonização (Cias. Coloniais) cumprindo um contrato temporário, geralmente voltam para metrópole ou vão para outras áreas.

Forças produtivas: Mera extração da matéria-prima, também com uso da mão-de-obra explorada.

Justificativa: Darwinismo social é o ideal mais empregado.


A Partilha da África e a Conferência de Berlim ( 1884-1885 )

Como dividir o mundo? Divide et impera.

Observar os mapas na sala e a postura dos representantes dos países imperialistas.








Conferência de Berlim: “primeiro o meu!”

• Conferência de Berlim: 1884- 1885 – 15 países “repartem”a África: 13 da Europa mais EUA e Turquia.
• Apesar dos EUA não possuírem colônias na África, eram uma potência em ascensão. A Turquia era o centro do grande Império Otomano.
• O principal objetivo foi regulamentar a expansão das potências coloniais na África a partir dos pontos que ocupavam no litoral. Inspiração no princípio do Equilíbrio Europeu (Congresso de Viena).
• Distribuição das regiões por extensão de área:
a) Grã-Bretanha e França
b) Portugal, Bélgica e Espanha
c) Alemanha e Itália (entraram mais tarde na repartição devido aos seus tardios processos de unificação nacional. A Alemanha perdeu o domínio de suas colônias africanas após a Primeira Guerra Mundial e a Itália no final da Segunda Guerra (descolonização)
Sugestões de leitura no post anterior.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

África – estratégias de divisão (parte I)

Os próximos posts foram retirado de uma apresentação de slides usados em aula expositivo-dialogada, com discussão posterior.

África – estratégias de divisão

Relembrando conceitos


Imperialismo: controle direto ou indireto de países dominantes sobre regiões dentro ou fora do continente de origem. Influência de indústrias (capitalismo industrial monopolista).
Formas de imperialismo
Quanto à influência político/econômica
Direto: estabeleciam-se colônias; o governo local é substituído por um governo comandado pela metrópole (similar aos moldes mercantilistas) – neocolonialismo puro. Atingiu a Ásia e a África.
Indireto: os governos e empresas das potências imperialistas pressionam os governos locais para obter leis e tratados favoráveis, chegando a provocar revoltas e guerras em caso de resistência destes governos. Atingiu mais a América Latina (através da Europa e EUA)
Quanto à região atingida
Interno: procurava-se estabelecer áreas de influência no continente de origem, por pressões econômicas, políticas e culturais. Atingiu mais a Europa centro-oriental (Pan-germanismo e pan-eslavismo), América Latina (pan-americanismo) e Ásia (através do Japão).
Externo: estabelecia-se fora do continente de origem das potências dominantes. Atingiu África, Ásia e América Latina.

Para um debate ampliado do tema, sugere-se:
BRUIT, Hector H. O imperialismo. São Paulo: Atual, 1986.
CANÊDO, L. B. A descolonização da Ásia e da África. São Paulo: Atual/Unicamp, 1985.
CHESNEAUX, CLAUDIN, TERRAY e outros. Descolonização. Rio de Janeiro: F. Alves, 1977.
CROUZET, M. História geral das civilizações. VII, A Época Contemporânea, 3, São Paulo, 1974. (v. 17).
FERRO, Marc. História das colonizações. Das Conquistas às independências. Século XII a XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
HOBSBAWN, E. J. Revolucionários. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
__________ . A Era dos Impérios 1875 – 1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
__________ . A Era dos Extremos. O Breve século XX 1914 – 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
LÊNIN, Vladimir Ilich. O Imperialismo: fase superior do capitalismo. São Paulo: Global Editora, 1980.
LINHARES, Maria Yeda. A luta contra a Metrópole (Ásia e África). São Paulo: Brasiliense.
PANIKAR, K. M. A dominação ocidental na Ásia. Lisboa: Ed. Saga, 1969.
RIBEIRO, Darcy. O Processo Civilizatório. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira, 1968.
REMOND, René. O séc. XX, de 1914 aos nossos dias. São Paulo: Cultrix, 1974.

Leia também os textos usados para debate:

Limites do Imperialismo
http://www.galizacig.com/actualidade/200409/resistir_imperialismo_seus_limites_e_alternativas.htm

Visão neoliberal do tema
SACHS, Jeffrey. O fim da pobreza. Como acabar com a pobreza nos próximos 20 anos. São Paulo: Companhia das Letras 2005.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

História da Ásia e África Contemporânea: projeto blog




A disciplina de História da Ásia e África Contemporânea compõe o curriculum do curso de História da Univille, estando no quarto ano da grade curricular.


É essencial à formação do futuro docente de História, posto que o acadêmico analisa e debate as realidades asiática africana em sua contemporaneidade, bem como sua aplicabilidade no ensino fundamental e médio. Este conhecimento é fundamental, não somente tendo em vista as especificidades profissionais, em especial as curriculares, que cada vez mais exigem o conhecimento da história Africana e Asiática, mas também pessoais, estimulando um conhecimento que enfoque a multiculturalidade e a diversidade, tendo em vista a constante necessidade de atualização e de contribuição à formação de espírito crítico do futuro docente.


Ao longo do ano de 2009 forma desenvolvidos diversos trabalhos e debates, os quais acabaram gerando a ideia de fazermos um blog, no intuito de divulgar (ou socializar, como se diz por aí) estas e outras questões referentes a um tema recente e sobre o qual ainda há poucas referências disponíveis em português.


Esperamos que essa seja uma ferramente útil para estudantes, professores e comunidade em geral, que podem contribuir com seus textos e outros, os quais serão publicados aqui preservando o direito de autoria.


Nosso contato:








Bem-vindos!