Projeto de socialização de trabalhos e discussões pertinentes ao tema "História da Ásia e da África", buscando uma perspectiva multidisciplinar. Aberto a todos(as) que queiram contribuir para o debate.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Carta à Rainha Vitória (Guerras do ópio)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Assediando o Império Celestial (última parte)
Resistências
•A Revolta Taiping: Em 1851, eclodiu uma revolta de camponeses, que se espalhou da comarca de Yang-Tsé para outras regiões chinesas. Conhecida como a revolta Taiping, só foi sufocada em 1864.
•No fim do século XIX, Grã Bretanha, França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão dividiam o imenso território chinês em diversas esferas de influência
• Tal condição vexatória na qual a China se encontrava, com perda da sua soberania e territórios, levou a outras revoltas de caráter nacionalista. O principal movimento contra o europeu na China é conhecido como Levante dos Boxers.
Pintura a óleo, reproduzindo o ataque das tropas imperiais chinesas à revolta de Taiping, publicada no jornal “L´Ilustracion”, de setembro de 1853. Pintor anônimo.
http://www.1st-art-gallery.com/thumbnail/133195/1/The-Chinese-Imperial-Troops-Attacking-The-Taiping-Rebels,-From-$27l$27illustration$27,-September-1853.jpg
Resistências: a guerra dos Boxers
•Os nacionalistas chineses reagiam contra intervenção estrangeira e ao tíbio comportamento da dinastia Manchu, então ocupante do trono imperial. No Norte da China, uma associação secreta, denominada Sociedade Secreta Harmoniosos Punhos Justiceiros, promoveu atentados e rebeliões contra estrangeiras e missionários cristãos.
•Em 1900, com respaldo popular crescente, os boxers (como eram conhecidos pelso europeus os membros da associação secreta) sitiaram o bairro ocupado pelas delegações estrangeira em Pequim. Foi o início da Guerra dos Boxers, que se espalhou das zonas costeiras para as cidades que margeiam o rio Yang-Tsé.
•Evidenciando os muitos abusos cometidos pelos estrangeiros, a princípio a revolta foi reconhecida até por autoridades imperiais como uma insurgência legítima.
•Um dos cartazes espalhados por Pequim dizia "Odiamos profundamente os tratados que prejudicam o país e trazem calamidades ao povo. Os altos funcionários traem a nação; os baixos os seguem no jogo. O povo é injuriado mas não faltarão desagravos".
•Outros dos seus versos afixados nos templos chineses dizia: "quando os demônios de fora/ forem expulsos até o fim/ o grande Ching [a dinastia manchu reinante], unido, junto à nossa terra trará a paz enfim".Os rebeldes cercaram por 56 dias as legações estrangeiras que possuíam estavam na capital.
Litogravura. Chao (ou Tsao) Fu-tien, um dos líderes dos boxers.
A Guerra dos Boxers: o ocidente contra os “rebeldes”
•Apesar dos esforços do governo para suprimi-la quando passou a ser um problema, a Sociedade dos Boxers conta com o apoio popular crescente e promove rebeliões e atentados contra estrangeiros e missionários cristãos.
•Porém, todos os esforços se tornaram em vão e o levante foi abafado pelo exército formado por tropas ocidentais e japonesas.
Marinheiros australianos (a Austrália era colônia inglesa) na Guerra dos Boxers. http://homepage.powerup.com.au/~qdeck/sailors.JPG
•Para sufocar a rebelião, organizou-se uma junta internacional colonialista, com uma tropa composta por 20 mil soldados (japoneses; russo; ingleses,inclusive de colônias, como citado; americanos, franceses e depois por alemães) foi enviada para ocupar a sede imperial, onde penetrou em 14 de agosto de 1900.
•Os boxers, abandonados definitivamente pela imperatriz viúva Tsisi, foram cruelmente sufocados e suas lideranças decapitadas. "Arrasem Pequim!" - que seguissem o exemplo de Átila! essa foi a recomendação do imperador Guilherme II da Alemanha aos oficiais que partiam para a China.
•Depois dessa aberta e brutal intervenção militar, o outrora orgulhoso Império Celestial definitivamente tornara-se a "colônia de todas as metrópoles". Para infamar ainda mais as autoridades do império, os colonialistas obrigaram a que fossem chineses os carrascos que executaram as sentenças de morte dos principais líderes da rebelião de 1900.
Guerra dos Boxers na China: Postal usado na Alemanha, 1900.
Cartão postal satírico, alusivo a marinheiros alemães batendo em chineses. No canto superior direito, o retrato de Klemens von Ketteler, assassinado em Pequim em junho de 1900, início da Rebelião Boxer. http://collect.at/wordpress/?tag=boxer-rebellion
As rotas da guerra
•Mapa original de 1900. Ho Yi Tuan (Guerra dos Boxer) – Rotas de Invasão das 8 forças aliadas para Pequim e região.
•As chamadas 8 nações aliadas desembarcaram suas tropas em vários pontos da costa chinesa. O primeiro objetivo era remover o cerco dos revoltosos a Pequim, no entanto, a missão global foi punitiva, tanto contra os Boxers quanto contra as resistências chinesas.A luta terminou com a derrota dos chineses e a imposição pelas potências estrangeiras da política da "Porta Aberta", pela qual a China era obrigada a fazer novas concessões econômicas.
•http://www.drben.net/files/China/Source_Materials/China_Maps/Ching_Dynasty/Invasion_Routes_1T.jpg
O Ocidente sufoca a China
•Portanto, este breve resumo da história da China no século XIX, evidencia as políticas de expansão de poder ou dominação de um Estado ou sistema político sobre outros.
•Tal política, como já referido, é o imperialismo, cuja expansão se realiza através da conquista ou anexação de territórios, pelo estabelecimento de protetorados e, principalmente, pelo controle de mercados ou monopólios.
•A política imperialista não tem como objetivo necessariamente a expansão territorial e sim a ampliação do mercado através de uma política econômica liberal. Por sua vez, pode-se perceber que esta envolve sempre o uso da força e tem como conseqüência a exploração econômica, em prejuízo dos Estados ou povos subjugados.
•Além de exibir o imperialismo, a história chinesa no século XIX mostra o discurso nacionalista sendo assimilado pelos povos dominados, ou seja, pelas nações economicamente fracas.
•Nessa questão quanto à China, pode se perceber um discurso atual, no qual o nacionalismo é apresentado como fundamento para opressão, ou seja, mostra um discurso que ao nível externo resulta no expansionismo, mas internamente resulta em xenofobia.
Algumas referências
•ADLER, Solomon - La economia China, México, F.C.E., 1957.
•BIANCO, Lucien - Ásia Contemporanea, Madri, Siglo XXXI, 1976.
•BIANCO Lucien - Los origenes de La Revolución China, Caracas, T. Nuevo, 1970.
•CARR, E. H. - El socialismo en un solo país (1924-26), in História dela Rusia Sovietica, vol 3, 2ª parte, Madri, Alianza, 1976.
•CHANG, Iris - The rape of Nanking, Nova Iorque, Penguin Books, 1997
•LENIN, V.I., El despertar de Asia, Moscou, Ed. Progresso, 1979.
•MAO TSE-TUNG - Obras Escogidas, Pequim, L. Extranjeras, 4 vols, 1968.
•PISCHEL, Enrica - História da Revolução Chinesa, Lisboa, Europa-América, 3 vols, 1976.
•SPENSER, Jonathann D. - Em busca da China moderna, Companhia das Letras, São Paulo, 1966
•A Revolta Taiping: Em 1851, eclodiu uma revolta de camponeses, que se espalhou da comarca de Yang-Tsé para outras regiões chinesas. Conhecida como a revolta Taiping, só foi sufocada em 1864.
•No fim do século XIX, Grã Bretanha, França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão dividiam o imenso território chinês em diversas esferas de influência
• Tal condição vexatória na qual a China se encontrava, com perda da sua soberania e territórios, levou a outras revoltas de caráter nacionalista. O principal movimento contra o europeu na China é conhecido como Levante dos Boxers.
Pintura a óleo, reproduzindo o ataque das tropas imperiais chinesas à revolta de Taiping, publicada no jornal “L´Ilustracion”, de setembro de 1853. Pintor anônimo.
http://www.1st-art-gallery.com/thumbnail/133195/1/The-Chinese-Imperial-Troops-Attacking-The-Taiping-Rebels,-From-$27l$27illustration$27,-September-1853.jpg
Resistências: a guerra dos Boxers
•Os nacionalistas chineses reagiam contra intervenção estrangeira e ao tíbio comportamento da dinastia Manchu, então ocupante do trono imperial. No Norte da China, uma associação secreta, denominada Sociedade Secreta Harmoniosos Punhos Justiceiros, promoveu atentados e rebeliões contra estrangeiras e missionários cristãos.
•Em 1900, com respaldo popular crescente, os boxers (como eram conhecidos pelso europeus os membros da associação secreta) sitiaram o bairro ocupado pelas delegações estrangeira em Pequim. Foi o início da Guerra dos Boxers, que se espalhou das zonas costeiras para as cidades que margeiam o rio Yang-Tsé.
Cartão Postal alemão, usado em 1900, que satiriza soldados ocidentais durante a guerra dos Boxers na China, brigando entre si enquanto o chinês observa e sorri. http://collect.at/wordpress/?cat=33
Apoio aos boxers
Apoio aos boxers
•Evidenciando os muitos abusos cometidos pelos estrangeiros, a princípio a revolta foi reconhecida até por autoridades imperiais como uma insurgência legítima.
•Um dos cartazes espalhados por Pequim dizia "Odiamos profundamente os tratados que prejudicam o país e trazem calamidades ao povo. Os altos funcionários traem a nação; os baixos os seguem no jogo. O povo é injuriado mas não faltarão desagravos".
•Outros dos seus versos afixados nos templos chineses dizia: "quando os demônios de fora/ forem expulsos até o fim/ o grande Ching [a dinastia manchu reinante], unido, junto à nossa terra trará a paz enfim".Os rebeldes cercaram por 56 dias as legações estrangeiras que possuíam estavam na capital.
Litogravura. Chao (ou Tsao) Fu-tien, um dos líderes dos boxers.
A Guerra dos Boxers: o ocidente contra os “rebeldes”
•Apesar dos esforços do governo para suprimi-la quando passou a ser um problema, a Sociedade dos Boxers conta com o apoio popular crescente e promove rebeliões e atentados contra estrangeiros e missionários cristãos.
•Porém, todos os esforços se tornaram em vão e o levante foi abafado pelo exército formado por tropas ocidentais e japonesas.
Marinheiros australianos (a Austrália era colônia inglesa) na Guerra dos Boxers. http://homepage.powerup.com.au/~qdeck/sailors.JPG
•Para sufocar a rebelião, organizou-se uma junta internacional colonialista, com uma tropa composta por 20 mil soldados (japoneses; russo; ingleses,inclusive de colônias, como citado; americanos, franceses e depois por alemães) foi enviada para ocupar a sede imperial, onde penetrou em 14 de agosto de 1900.
•Os boxers, abandonados definitivamente pela imperatriz viúva Tsisi, foram cruelmente sufocados e suas lideranças decapitadas. "Arrasem Pequim!" - que seguissem o exemplo de Átila! essa foi a recomendação do imperador Guilherme II da Alemanha aos oficiais que partiam para a China.
•Depois dessa aberta e brutal intervenção militar, o outrora orgulhoso Império Celestial definitivamente tornara-se a "colônia de todas as metrópoles". Para infamar ainda mais as autoridades do império, os colonialistas obrigaram a que fossem chineses os carrascos que executaram as sentenças de morte dos principais líderes da rebelião de 1900.
Guerra dos Boxers na China: Postal usado na Alemanha, 1900.
Cartão postal satírico, alusivo a marinheiros alemães batendo em chineses. No canto superior direito, o retrato de Klemens von Ketteler, assassinado em Pequim em junho de 1900, início da Rebelião Boxer. http://collect.at/wordpress/?tag=boxer-rebellion
As rotas da guerra
•Mapa original de 1900. Ho Yi Tuan (Guerra dos Boxer) – Rotas de Invasão das 8 forças aliadas para Pequim e região.
•As chamadas 8 nações aliadas desembarcaram suas tropas em vários pontos da costa chinesa. O primeiro objetivo era remover o cerco dos revoltosos a Pequim, no entanto, a missão global foi punitiva, tanto contra os Boxers quanto contra as resistências chinesas.A luta terminou com a derrota dos chineses e a imposição pelas potências estrangeiras da política da "Porta Aberta", pela qual a China era obrigada a fazer novas concessões econômicas.
•http://www.drben.net/files/China/Source_Materials/China_Maps/Ching_Dynasty/Invasion_Routes_1T.jpg
O Ocidente sufoca a China
•Portanto, este breve resumo da história da China no século XIX, evidencia as políticas de expansão de poder ou dominação de um Estado ou sistema político sobre outros.
•Tal política, como já referido, é o imperialismo, cuja expansão se realiza através da conquista ou anexação de territórios, pelo estabelecimento de protetorados e, principalmente, pelo controle de mercados ou monopólios.
•A política imperialista não tem como objetivo necessariamente a expansão territorial e sim a ampliação do mercado através de uma política econômica liberal. Por sua vez, pode-se perceber que esta envolve sempre o uso da força e tem como conseqüência a exploração econômica, em prejuízo dos Estados ou povos subjugados.
•Além de exibir o imperialismo, a história chinesa no século XIX mostra o discurso nacionalista sendo assimilado pelos povos dominados, ou seja, pelas nações economicamente fracas.
•Nessa questão quanto à China, pode se perceber um discurso atual, no qual o nacionalismo é apresentado como fundamento para opressão, ou seja, mostra um discurso que ao nível externo resulta no expansionismo, mas internamente resulta em xenofobia.
Algumas referências
•ADLER, Solomon - La economia China, México, F.C.E., 1957.
•BIANCO, Lucien - Ásia Contemporanea, Madri, Siglo XXXI, 1976.
•BIANCO Lucien - Los origenes de La Revolución China, Caracas, T. Nuevo, 1970.
•CARR, E. H. - El socialismo en un solo país (1924-26), in História dela Rusia Sovietica, vol 3, 2ª parte, Madri, Alianza, 1976.
•CHANG, Iris - The rape of Nanking, Nova Iorque, Penguin Books, 1997
•LENIN, V.I., El despertar de Asia, Moscou, Ed. Progresso, 1979.
•MAO TSE-TUNG - Obras Escogidas, Pequim, L. Extranjeras, 4 vols, 1968.
•PISCHEL, Enrica - História da Revolução Chinesa, Lisboa, Europa-América, 3 vols, 1976.
•SPENSER, Jonathann D. - Em busca da China moderna, Companhia das Letras, São Paulo, 1966
domingo, 15 de novembro de 2009
Assediando o Império Celestial (II)
As Guerras do Ópio
•Apesar da carta de Lin e dos avisos do governo chinês, o comércio prosseguiu, levando as autoridades chinesas a promover, em 1839, a queima de 20 mil caixas da substância na cidade de Cantão.
•Através desta reação, a China havia oferecido a Inglaterra tudo o que ela mais precisava para subjugar o território chinês ao seu mando, ou seja: um pretexto para a pequena ilha declarar guerra ao território continental da China.
•Os britânicos, em retaliação, declararam guerra à China: era o início da Primeira Guerra do Ópio.
• Para a Inglaterra, este tratado assumiu o primeiro passo para suas grandes pretensões de transformar a população chinesa em um grande mercado consumidor, no qual os milhares produtos industrializados seriam comercializados No entanto, o mercado existente na China era para o ópio e não para os outros produtos britânicos.
• Para a China, o Tratado de Nanquim representou a abertura de precedentes para outras nações de caráter imperialista e perda de parte de sua soberania.
•Estes tratados produziram na um grande impacto negativo sobre sua produção artesanal, causando desemprego e fome; uma maior repressão à população camponesa; monopólio da educação pelas missões francesas; e, o mais grave: a perda praticamente total da soberania do governo chinês sobre seus territórios.
•Karl Marx assinala, sobre a questão: “a primeira condição de preservação da Velha China era seu total isolamento. Uma vez que a Inglaterra deu fim brutal a esse isolamento, a decomposição sobrevirá com a mesma inexorabilidade de uma múmia retirada do hermético sarcófago em que estava preservada e exposta ao ar livre” ( MARX, Karl. Revolution in China and in Europa in http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/china_3.htm)
•Apesar da carta de Lin e dos avisos do governo chinês, o comércio prosseguiu, levando as autoridades chinesas a promover, em 1839, a queima de 20 mil caixas da substância na cidade de Cantão.
•Através desta reação, a China havia oferecido a Inglaterra tudo o que ela mais precisava para subjugar o território chinês ao seu mando, ou seja: um pretexto para a pequena ilha declarar guerra ao território continental da China.
•Os britânicos, em retaliação, declararam guerra à China: era o início da Primeira Guerra do Ópio.
Gravura:
Depósitos de ópio da Companhia das Índias Orientais na Índia:
uso de uma colônia para enfraquecer a China.
http://pt.wikipedia.org/wiki /
Depósitos de ópio da Companhia das Índias Orientais na Índia:
uso de uma colônia para enfraquecer a China.
http://pt.wikipedia.org/wiki /
•Houve duas Guerras do Ópio, uma entre1839 e 1842 e a outra entre 1856 e 1860. Ao final, por meio de sua superioridade bélica, a Inglaterra aniquilou o poderio chinês, forçando o imperador manchu à rendição. Conseqüentemente, o governo imperial da China foi constrangido a assinar o Tratado de Nanquim, que colocou fim definitivo no embate, em 1842.
•O Tratado de Nanquim - principais cláusulas:
1.a abertura de cinco portos chineses ao livre comércio, em caráter permanente: Xangai, Ningpó, Fu-tcheu, Amói e Cantão;
2.a imunidade e os privilégios especiais aos súditos britânicos
3.regular as tarifas de comércio
•O Tratado de Nanquim - principais cláusulas:
1.a abertura de cinco portos chineses ao livre comércio, em caráter permanente: Xangai, Ningpó, Fu-tcheu, Amói e Cantão;
2.a imunidade e os privilégios especiais aos súditos britânicos
3.regular as tarifas de comércio
4. transferir a cidade Hong Kong à Grã-Bretanha pelo tempo de 100 anos.
• Para a Inglaterra, este tratado assumiu o primeiro passo para suas grandes pretensões de transformar a população chinesa em um grande mercado consumidor, no qual os milhares produtos industrializados seriam comercializados No entanto, o mercado existente na China era para o ópio e não para os outros produtos britânicos.
• Para a China, o Tratado de Nanquim representou a abertura de precedentes para outras nações de caráter imperialista e perda de parte de sua soberania.
Gravura: vitória do Ocidente sobre o dragão Chinês: cartaz celebrando a vitória inglesa. http://img.terra.com.br/i/2008/08/13/835983-8688-cp.jpg
Observar as semelhanças com a iconografia de São Jorge, padroeiro da Inlgaterra.
Observar as semelhanças com a iconografia de São Jorge, padroeiro da Inlgaterra.
A um tratado seguem outros: um mal nunca vem sozinho
•A perda de interesse nos cinco portos abertos anteriormente se tornou evidente, a miragem do mercado inesgotável continuava, logo, novos pretextos foram arrumados para se estabelecer mais duas Guerras do Ópio, travadas em 1856 e 1858, com apoio da França aos britânicos.
•Por causa destes dois combates, novos tratados foram assinados, evidenciando ainda mais a perda da soberania chinesa sobre seu território. Nestes tratados foi estabelecida a abertura de mais de 11 portos; jurisdição autônoma para os processos estrangeiros; liberdade de ação para as missões cristãs; direito de manutenção de representantes permanentes nas alfândegas chinesas, entre uma série de outros direitos que feriam o governo chinês.
•Por causa destes dois combates, novos tratados foram assinados, evidenciando ainda mais a perda da soberania chinesa sobre seu território. Nestes tratados foi estabelecida a abertura de mais de 11 portos; jurisdição autônoma para os processos estrangeiros; liberdade de ação para as missões cristãs; direito de manutenção de representantes permanentes nas alfândegas chinesas, entre uma série de outros direitos que feriam o governo chinês.
Gravura:
Assinatura do Tratado de Naquim, o primeiro de uma série.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Nanjingtreaty.jpg/400px-Nanjingtreaty.jpg
Balanço geral dos tratados(1842 – 1901): o dragão agonizante
Assinatura do Tratado de Naquim, o primeiro de uma série.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Nanjingtreaty.jpg/400px-Nanjingtreaty.jpg
Balanço geral dos tratados(1842 – 1901): o dragão agonizante
Detalhe: no fruto da papoula, a seiva.
•1842 - Tratado de Nanquim: a China concede à Inglaterra, em razão da sua derrota na 1ª Guerra do Ópio, a abertura de cinco portos, a entrega a ilha de Hong Kong em caráter perpétuo e uma indenização aos traficantes expropriados por Lin Zexu (o diplomata que enviou a carta à Rainha vitória), no valor de 6 milhões de liang de prata, mais 12 milhões aos ingleses como despesa de guerra.
•1843 - Tratado complementar de Hu-men: a Inglaterra recebe o tratamento de nação mais favorecida, fazendo com que suas mercadorias paguem apenas 5% de imposto ad valorem
•1844 - Tratado de Wangxia: assinado com os E.U.A. Todos os privilégios concedidos aos ingleses são estendidos aos americanos , inclusive o direito de enviar barcos de guerra aos portos abertos ao comércio para proteger os interesses dos negociantes americanos. 1844 - Tratado de Huangpu: assinado com a França. Confirma os privilégios concedidos nos tratados anteriores, mais o fim da proibição de difundir o catolicismo nos portos abertos ao comércio.
•1858 - Tratado de Tianjin: assinado com a Grã-Bretanha, Rússia, E.U.A.e França, como resultado da derrota chinesa na 2ª Guerra do Ópio (1856-1860). Estabelecimento de delegações estrangeiras em Pequim. Abertura de mais 10 portos chineses ao comércio internacional ( Niuzhuang, Dengzhou, Tainan, Danshui, Chaozhou, Qiongzhou, Hankou, Jiujiang, Nanjing e Zhenjiang). Livre trânsito dos estrangeiros, particularmente dos missionários cristãos, pelo interior do país e livre navegação dos barcos de guerra. Indenização de guerra a ser paga à Inglaterra (4 milhões de onças de prata) e à França (2 milhões). Os tratados sino-britânico e o sino-francês, em 1860, aumentaram o valor para 8 milhões de onças de prata. Os ingleses ampliaram seu domínio na região de Hong Kong ao se apropriarem da península de Kaulun. Legalização definitiva do comércio de ópio administração alfandegária conjunta de ingleses e chineses. Em 1860, outorgou-se a sir Robert Hart o cargo de Inspetor Geral das Aduanas, mantida até 1908.
•1858 - Tratado de Aihui, assinado com a Rússia, que, complementado com uma série de outros tratados , fizeram a China ceder 1.500.000 km2 do seu território. Em 1881, pelo Tratado de Yili, mais 90 mil km2 foram entregues aos russos., juntamente com os portos de Vladivostok e Port Arthur.
•1842 - Tratado de Nanquim: a China concede à Inglaterra, em razão da sua derrota na 1ª Guerra do Ópio, a abertura de cinco portos, a entrega a ilha de Hong Kong em caráter perpétuo e uma indenização aos traficantes expropriados por Lin Zexu (o diplomata que enviou a carta à Rainha vitória), no valor de 6 milhões de liang de prata, mais 12 milhões aos ingleses como despesa de guerra.
•1843 - Tratado complementar de Hu-men: a Inglaterra recebe o tratamento de nação mais favorecida, fazendo com que suas mercadorias paguem apenas 5% de imposto ad valorem
•1844 - Tratado de Wangxia: assinado com os E.U.A. Todos os privilégios concedidos aos ingleses são estendidos aos americanos , inclusive o direito de enviar barcos de guerra aos portos abertos ao comércio para proteger os interesses dos negociantes americanos. 1844 - Tratado de Huangpu: assinado com a França. Confirma os privilégios concedidos nos tratados anteriores, mais o fim da proibição de difundir o catolicismo nos portos abertos ao comércio.
•1858 - Tratado de Tianjin: assinado com a Grã-Bretanha, Rússia, E.U.A.e França, como resultado da derrota chinesa na 2ª Guerra do Ópio (1856-1860). Estabelecimento de delegações estrangeiras em Pequim. Abertura de mais 10 portos chineses ao comércio internacional ( Niuzhuang, Dengzhou, Tainan, Danshui, Chaozhou, Qiongzhou, Hankou, Jiujiang, Nanjing e Zhenjiang). Livre trânsito dos estrangeiros, particularmente dos missionários cristãos, pelo interior do país e livre navegação dos barcos de guerra. Indenização de guerra a ser paga à Inglaterra (4 milhões de onças de prata) e à França (2 milhões). Os tratados sino-britânico e o sino-francês, em 1860, aumentaram o valor para 8 milhões de onças de prata. Os ingleses ampliaram seu domínio na região de Hong Kong ao se apropriarem da península de Kaulun. Legalização definitiva do comércio de ópio administração alfandegária conjunta de ingleses e chineses. Em 1860, outorgou-se a sir Robert Hart o cargo de Inspetor Geral das Aduanas, mantida até 1908.
•1858 - Tratado de Aihui, assinado com a Rússia, que, complementado com uma série de outros tratados , fizeram a China ceder 1.500.000 km2 do seu território. Em 1881, pelo Tratado de Yili, mais 90 mil km2 foram entregues aos russos., juntamente com os portos de Vladivostok e Port Arthur.
•1895 - Tratado de Shimonoseki, assinado com o Japão, como resultado da derrota chinesa na guerra sino-japonesa de 1894-5. A China cedeu a península de Liaodong ( mais tarde arrendada à Rússia por 25 anos), a ilha de Taiwan ( Formosa) e mais 235 pequenas outras ilhas, o arquipélago de Penehu ( ilhas dos Pescadores) e uma indenização de 200 milhões de liang de prata. Abriu também as cidades de Shanshi, Chongqing. Suzhou, Hangzhou e aceitou a tutela definitiva do Japão sobre a Coréia.
•1897 - Arrendamento da baía de Jiazhou por 99 anos à Alemanha, bem como a permissão da construção de uma estrada de ferro ligando Jiaozhou a Jinan, com direitos de exploração das minas encontradas a 15 km de cada lado dela. Depois do Tratado de Versalhes, de 1919, a China reivindicou o controle dessa região, mas as potências coloniais entregaram-na ao Japão, o que gerou o Movimento de Maio de 1919, início da rebelião estudantil- nacionalista chinesa contra o domínio colonial
•1899 - Política de “portas abertas” proposta pelos EUA, pela qual todo o país que tivesse obtido concessões da China as repartiria com os outros, com “igualdade de oportunidades” e “divisão conjunta dos benefícios ”. Anuíram: Inglaterra, Rússia, Alemanha. Japão, Itália e França .
•1901 - Protocolo dos Boxers ( Movimento Yiethuan), assinado pelo governo Qing com as 8 potências colonialistas, devido à sangrenta intervenção militar destas em Pequim para sufocar a rebelião nacionalista dos boxers (Yiethuan), que cercara as legações estrangeiras na capital imperial.Cláusulas: indenização de 450 milhões de taéis (U$ 333 milhões), a ser paga pela China durante os 39 anos seguintes, até 1940, quando atingiria quase 1 bilhão de taéis. O governo imperial ficou encarregado de executar os principais líderes do levante.
•Os chineses não poderiam mais entrar nos bairros das delegações estrangeiras, as quais poderiam, porém, cercar suas tropas; também foram obrigados a desmontar a fortaleza de Dagu. Na prática, Pequim poderia ser ocupada quase imediatamente por qualquer guarnição estrangeira acampada nos seus arredores.
O dragão ferido
•1897 - Arrendamento da baía de Jiazhou por 99 anos à Alemanha, bem como a permissão da construção de uma estrada de ferro ligando Jiaozhou a Jinan, com direitos de exploração das minas encontradas a 15 km de cada lado dela. Depois do Tratado de Versalhes, de 1919, a China reivindicou o controle dessa região, mas as potências coloniais entregaram-na ao Japão, o que gerou o Movimento de Maio de 1919, início da rebelião estudantil- nacionalista chinesa contra o domínio colonial
•1899 - Política de “portas abertas” proposta pelos EUA, pela qual todo o país que tivesse obtido concessões da China as repartiria com os outros, com “igualdade de oportunidades” e “divisão conjunta dos benefícios ”. Anuíram: Inglaterra, Rússia, Alemanha. Japão, Itália e França .
•1901 - Protocolo dos Boxers ( Movimento Yiethuan), assinado pelo governo Qing com as 8 potências colonialistas, devido à sangrenta intervenção militar destas em Pequim para sufocar a rebelião nacionalista dos boxers (Yiethuan), que cercara as legações estrangeiras na capital imperial.Cláusulas: indenização de 450 milhões de taéis (U$ 333 milhões), a ser paga pela China durante os 39 anos seguintes, até 1940, quando atingiria quase 1 bilhão de taéis. O governo imperial ficou encarregado de executar os principais líderes do levante.
•Os chineses não poderiam mais entrar nos bairros das delegações estrangeiras, as quais poderiam, porém, cercar suas tropas; também foram obrigados a desmontar a fortaleza de Dagu. Na prática, Pequim poderia ser ocupada quase imediatamente por qualquer guarnição estrangeira acampada nos seus arredores.
O dragão ferido
•Estes tratados produziram na um grande impacto negativo sobre sua produção artesanal, causando desemprego e fome; uma maior repressão à população camponesa; monopólio da educação pelas missões francesas; e, o mais grave: a perda praticamente total da soberania do governo chinês sobre seus territórios.
•Karl Marx assinala, sobre a questão: “a primeira condição de preservação da Velha China era seu total isolamento. Uma vez que a Inglaterra deu fim brutal a esse isolamento, a decomposição sobrevirá com a mesma inexorabilidade de uma múmia retirada do hermético sarcófago em que estava preservada e exposta ao ar livre” ( MARX, Karl. Revolution in China and in Europa in http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/china_3.htm)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Assediando o Império Celestial (I)
Os próximos posts foram adaptado de aula expositiva-dialogada. As referências virão ao final das postagens.
O início do assédio
•Esta atitude era evidenciada pelas poucas transações comerciais existentes, que eram autorizadas em alguns poucos portos ao sul, principalmente em Cantão. No mapa, a região aparece como Guandong: http://www.cao.pt/image/cantao.gif
Ópio contra a China
Ópio: a ruína do Império.
•Infiltrando-se na Índia, através da Companhia Britânica das Índias Orientais, a Inglaterra descobriu uma maneira de acabar com o protecionismo da China.
•Adjacente ao território chinês, e, sendo a maior produtora de ópio do período, a Índia se tornou fornecedora do produto que arruinou o isolamento comercial do império manchu.
•Este entorpecente logo se transformou em uma praga entre chineses, e, seu contrabando foi considerado muito lucrativo para Inglaterra, principalmente, à medida que este entorpecente virou moeda de troca para obtenção de mercadorias chinesas.
•Porém, a Inglaterra investindo no comércio do ópio no território chinês, conseguiu apenas uma parte de seus objetivos, pois suas pretensões eram maiores e não se resumia apenas no comércio dos apreciados produtos chineses.
A China reage: a carta de Lin e a nova lei chinesa(1839)
•Com o tempo, o ópio começou a provocar vários malefícios na população chinesa, provocando uma atitude do governo manchu a este produto, que tanto prejudicava seu povo.
•O governo chinês reagiu enviando uma carta diplomática à rainha Vitória, da Inglaterra, para que a Soberana proibisse o comércio de ópio ilegal na China. Mas o pedido não foi levado em consideração.
•Em 1839, o imperador chinês mandou executar uma política sistemática de confisco do ópio contrabandeado no porto de Cantão, assim como, a prisão e expulsão de seus principais mercadores.
•Mapa: http://www.historianet.com.br/imagens/neocolonialismo2.jpg
A China cercada de colônias:
1.Britânicas
2.Francesas
3.Portuguesas
4.Alemãs
5.Japonesas
6.Holandesas
•Durante muito tempo, a China foi comercialmente assediada pelos países europeus. As inúmeras tentativas ocidentais de estabelecer um comércio fixo com o Reino Celestial indicavam o desejo por mercadorias chinesas, tais como: seda, porcelana e chá.
•Contudo, o império manchu nunca viu com bons olhos uma possível relação comercial com a Europa e sua posição sempre foi de quase total fechamento ao mercado externo.
•Contudo, o império manchu nunca viu com bons olhos uma possível relação comercial com a Europa e sua posição sempre foi de quase total fechamento ao mercado externo.
Império Manchu, sec. XIX.
http://www.grupoescolar.com/a/b/38C77.gif
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O início do assédio
•Esta atitude era evidenciada pelas poucas transações comerciais existentes, que eram autorizadas em alguns poucos portos ao sul, principalmente em Cantão. No mapa, a região aparece como Guandong: http://www.cao.pt/image/cantao.gif
•Este foi o panorama que vigorou até o início do século XIX, período marcado pela expansão da industrialização européia, e, conseqüentemente, pelo surgimento das grandes potências imperialistas.
Ópio contra a China
•Assim, nos séculos XVII e XVIII, os europeus encontravam dificuldade para comerciar no interior da China. O governo central colocava empecilhos aos comerciantes estrangeiros que, mesmo assim, foram pouco a pouco penetrando no país. Ao contrário da Índia (onde se comerciava diretamente com os príncipes locais), a China mantinha sua unidade política, com o imperador fazendo sentir sua autoridade sobre as mais distantes províncias. Para cada negociação, o estrangeiro tinha de relacionar-se com o governo central.
•No século XIX, no entanto, o poder central praticamente já não detinha autoridade sobre o seu território. Inicialmente, os britânicos compravam chá, sem conseguir vender aos chineses algum produto em igual quantidade, mas descobriram que o ópio era uma mercadoria de grande aceitação entre a população chinesa. Com aprovação do governo britânico, a Companhia das Índias Orientais lançou-se à venda do ópio, que era produzido na Índia e na Birmânia, com efeitos terríveis.
•No século XIX, no entanto, o poder central praticamente já não detinha autoridade sobre o seu território. Inicialmente, os britânicos compravam chá, sem conseguir vender aos chineses algum produto em igual quantidade, mas descobriram que o ópio era uma mercadoria de grande aceitação entre a população chinesa. Com aprovação do governo britânico, a Companhia das Índias Orientais lançou-se à venda do ópio, que era produzido na Índia e na Birmânia, com efeitos terríveis.
Papoula, matéria-prima do ópio.
Ópio: a ruína do Império.
•Infiltrando-se na Índia, através da Companhia Britânica das Índias Orientais, a Inglaterra descobriu uma maneira de acabar com o protecionismo da China.
•Adjacente ao território chinês, e, sendo a maior produtora de ópio do período, a Índia se tornou fornecedora do produto que arruinou o isolamento comercial do império manchu.
•Este entorpecente logo se transformou em uma praga entre chineses, e, seu contrabando foi considerado muito lucrativo para Inglaterra, principalmente, à medida que este entorpecente virou moeda de troca para obtenção de mercadorias chinesas.
•Porém, a Inglaterra investindo no comércio do ópio no território chinês, conseguiu apenas uma parte de seus objetivos, pois suas pretensões eram maiores e não se resumia apenas no comércio dos apreciados produtos chineses.
A China reage: a carta de Lin e a nova lei chinesa(1839)
•Com o tempo, o ópio começou a provocar vários malefícios na população chinesa, provocando uma atitude do governo manchu a este produto, que tanto prejudicava seu povo.
•O governo chinês reagiu enviando uma carta diplomática à rainha Vitória, da Inglaterra, para que a Soberana proibisse o comércio de ópio ilegal na China. Mas o pedido não foi levado em consideração.
•Em 1839, o imperador chinês mandou executar uma política sistemática de confisco do ópio contrabandeado no porto de Cantão, assim como, a prisão e expulsão de seus principais mercadores.
•Mapa: http://www.historianet.com.br/imagens/neocolonialismo2.jpg
A China cercada de colônias:
1.Britânicas
2.Francesas
3.Portuguesas
4.Alemãs
5.Japonesas
6.Holandesas
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