terça-feira, 20 de outubro de 2009

Partilha da África - Possessões alemãs e italianas

O texto a seguir foi originalmente apresentado em forma de slides (Power Point- TM), pelas acadêmicas: Angela, Débora, Gilmara e Priscila D.
O formato original foi convertido para este post, preservando as imagens utilizadas pelo grupo e seu conteúdo na íntegra. As referências estão ao final.

Impressões do trabalho de pesquisa
Complexo.
Informações desconexas nas referências encontradas.
Pouca referência.
Dificuldade em elaborar um material didático pela falta de referências.

Colônias Alemãs: África Oriental, Sudoeste africano, Camarões e Togo.






Cartaz colonialista alemão do inicio do século:
“Sem nossas colonias,
não teríamos matéria-prima”











África Oriental Alemã em vermelho; e outras colônias alemãs
em azul












Colônias Italianas: Líbia, Somália, Parte da Argélia e Tunísia.

Somália





Bandeira da África Oriental Italiana






Somália










Como se deu a colonização:

Divisão do território – Conferência de Berlim (1884)
Os dois países entraram por último na disputa territorial por conta do tardio processo de unificação nacional, isso fez com que seus territórios coloniais fossem mais reduzidos.
Após a conferência, o continente africano estava dividido geograficamente, cada país participante desta conferência recebeu uma parte do território para exploração.

Concessões Italianas e Alemãs – processo de colonização...


Alemanha
“Os alemães conseguiram estabelecer efetivamente sua dominação no sudoeste da África no final do século XIX, essencialmente em função da hostilidade de mais de um século que impedia a união dos Nama e dos Maherero. No Togo, os alemães aliaram-se aos pequenos reinos dos Konkomba, dispersos, e dos Kabre. Em Camarões foi ao norte que o comandante alemão major Hans Dominik encontrou mais dificuldades. Em compensação, a conquista da África Oriental alemã foi a mais feroz e a mais demorada de todas as guerras de ocupação efetiva, prolongando-se de 1888 a 1907” BOAHEN,1991, p. 60.


Concessões Italianas e Alemãs – processo de colonização...

Itália


“Em 1883, teve êxito em ocupar uma parte da Eritréia. Também já obtivera a costa oriental da Somália, depois da primeira partilha do Império Omani, em 1886. A Itália informou as outras potências européias que a Etiópia era um protetorado italiano, mas ao tentar a ocupação deste protetorado fictício, sofreu uma derrota em Adowa, em 1896. Conseguiu, no entanto, conservar seus territórios na Somália e na Eritréia. Na África do Norte somente em 1911 é que a Itália logrou ocupar as zonas costeiras da Cirenáica e da Tripolitânia (atual Líbia). BOAHEN,1991, p. 60.

Permanências e mudanças...


A colonização comprometeu duramente o desenvolvimento da África. Hoje o continente abriga boa parte dos países mais pobres do planeta. “No plano político, o legado do colonialismo inclui a tradição de administração de cima para baixo, a persistência de burocracias que fornecem poucos serviços e um baixo senso de identidade e interesse nacional. Os Estados são geralmente fracos, ineficientes e brutais”, diz Shear. “Economicamente, o colonialismo produziu, em sua maior parte, economias dependentes, monoculturistas e não integradas, que atendem prioridades externas e não internas.”

A situação atual dos países africanos pode ser atribuída à pressa que os colonizadores tiveram em transformar a realidade local. Isso fez com que o continente pulasse etapas importantes. “O maior problema é que, em apenas algumas décadas, as sociedades tradicionais africanas foram lançadas em uma situação totalmente desconhecida. Você não pode criar um sistema capitalista e Estados democráticos de um dia para outro, em poucas gerações. As próprias sociedades tradicionais européias precisaram de séculos para chegar a esse resultado”, diz Guy Vanthemsche. Essa chance nunca foi dada aos africanos.
In: http://historia.abril.com.br/politica/partilha-africa-434731.shtml

Concessões Italianas e Alemãs cronologia...


1880 – Empresas alemãs se estabelecem nos Camarões.
1884 – Fundação da Sociedade Alemã de Colonização.
1885 – Protetorado alemão na África Oriental
- Italianos tomam a Eritréia.
- Fundação da Companhia Alemã da África Oriental.
1889 – A Itália adquire a Somália.
1912 – Aquisição da Líbia pela Itália.



REFERÊNCIAS


nBOAHEN, A. Adu; Comite Cientifico Internacional para a Redação de uma Historia Geral da África - UNESCO. História geral da África VII: a África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo: Ática, 1991.
nHERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.
nBRUNSCHWIG, Henri. A partilha da África Negra. São Paulo: Perspectiva, 1974.
nMACKENZIE, J. M. A partilha da África: 1880-1900, e o imperialismo europeu no século XIX. São Paulo: Ática, 1994. 78 p
nSite:
nhttp://www.tamandare.g12.br/Aulafrica/conferencia%20de%20berlim.htm, acesso em 11/07/2009.






























































Colônias Italianas: Líbia, Somália, Parte da Argélia e Tunísia.







sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fichamento Crítico – Colhendo tempestades: a luta pela normalidade na Rússia

O texto a seguir fez parte de uma proposta apresentada à turma para ler e debater o livro " O Fim da Pobreza", como forma de ampliar as visões acerca do conceito de imperialismo. A partir desta proposta, foram elencados alguns capítulos para discutir a visão do autor, bem como as questões relacionadas ao imperialismo e suas permanências, pontuando com o texto de Rui Namorado Rosa e o livro " O imperialismo", de Hector Bruit (todas as referências no primeiro post). Os acadêmicos também elaboraram um fichamento crítico do capítulo sorteado. O que se segue é de autoria da acadêmica Fernanda Mara Borba.
Originalmente estava em formato de tabela, mas precisou ser alterado para esta postagem.

PÁG. CITAÇÕES E COMENTÁRIOS
Colhendo tempestades: a luta pela normalidade na Rússia.
164 Autor – viagens à Europa Ocidental, em 1989/90, conhecendo melhor a região, seus líderes democráticos e economistas soviéticos interessados na transformação dos países próximos (como a Polônia). – Interessados em uma reforma de mercado.
164 “A Perestroika de Gorbatchov estava em andamento, mas a economia não estava respondendo, afora cair cada vez mais no mercado negro, na escassez e na inflação crescentes”. [...] “Os problemas econômicos, refletiam o colapso do sistema socialista, tal como ocorrera na Europa Ocidental. Mas havia características que exacerbavam a crise soviética”: a União Soviética dependia das exportações de óleo e gás para obter moeda estrangeira e do uso desses materiais na indústria pesada e uso intensivo de energia para manter a economia industrial.
165 Em 1980 o país foi atingido: o preço mundial de petróleo despencou, diminuindo os ganhos de sua exportação e a produção soviética do petróleo atingiu um pico e depois caiu, devido ao esgotamento de campos petrolíferos e à falta de investimentos em novos, mais difíceis de atingir. “A URSS começou a tomar empréstimos no exterior para cobrir a queda dos ganhos com exportação e tentar modernizar a economia” – foi inútil: velho sistema não podia ser salvo.
166 Década de 1980: economia soviética ficou presa na “tesoura” da queda da receita da exportação de petróleo e da elevação da dívida externa. – vide figura 1.
166 Ano de 1991: credores – na maioria bancos alemães – pararam de dar empréstimos e exigiram o pagamento da dívida, abrindo caminho ao colapso econômico.
166 Grigori Iavlinski, assessor econômico de Gorbatchov, propôs o Plano dos Quatrocentos Dias: tentativa de reforma acelerada de mercado na União Soviética. “... idéia era que Gorbatchov tentasse acelerar as reformas econômicas e a democratização com o suporte da ajuda financeira dos Estados Unidos e Europa. As reformas econômicas seguiram as da Polônia, adaptadas às realidades soviéticas, e a democratização incluiria eleições livres nas repúblicas, ainda consideradas cada vez mais autônomas dentro da união”.
167 Em 1990, Gorbatchov foi à reunião do G7 em busca de ajuda financeira, mas não conseguiu apoio e, a crise soviética estava cada vez mais profunda. E em 1991, houve a tentativa de golpe contra à Gorbatchov, que fracassou – “a Rússia seria em breve um Estado independente, junto com outros de uma União Soviética já moribunda” – e no mesmo ano Ieltsin criou uma equipe econômica para montar um plano de reformas para a Rússia. [...] O país ainda era uma república da União Soviética, mas parecia que logo ganharia a independência, e Ieltsin se tornaria presidente de um Estado soberano. [...] Timing e complexidade dessa transformação eram assustadores.”
167 “Com a experiência do caso polonês e o conhecimento dos eventos econômicos em toda a Europa Ocidental, começamos uma discussão com a nova equipe sobre as reformas russas”.
167 Rússia, um Mundo à Parte
167 A Rússia se diferenciava de outros países, como a Polônia, por tais aspectos: escalas dos problemas; amplitude da camisa-de-força socialista na sociedade; anos de autocracia; fusos horários; população demasiada; diferenças geográficas, culturais, religiosas e lingüísticas; desconhecimento de uma economia de mercado. “Ninguém na liderança russa tinha experiência internacional”. – “A Rússia era realmente um mundo à parte”.
168 “O país poderia seguir Ieltsin para o tornar uma potência ‘normal’, abraçando a democracia e adotando uma economia de mercado”. “Normalidade”: quem na Rússia sabia o que significava? “Ninguém jamais vivera dentro na normalidade”, pois “haviam vivido sob o controle de Stálin, 75 anos de planejamento central, anos de autocracia e servidão e a população era, na sua maioria, composta por camponeses sem liberdade. [...] A normalidade não seria fácil de alcançar”.
168 “Essa transformação seria a mais difícil da história moderna”, pois havia uma distância entre onde a Rússia estava e aonde precisaria chegar, ou seja, obter a paz interna, a estabilidade e o desenvolvimento econômico.
168 As instituições econômicas e políticas precisariam de uma ratificação, pois a estrutura econômica – indústrias, pessoas, recursos naturais e tecnologia – haviam chegado a um “beco sem saída”. Pessoas estavam em lugares errados, vivendo em cidade “secretas” criadas com propósitos militares, trabalhando em indústrias pesadas dependentes das reservas de gás e petróleo, que eram limitadas. “Os reservatórios se exauriam e não se investiam em novos...”.
168 “Nenhuma política econômica pode ser suficientemente poderosa para realocar pessoas, fábricas e recursos em dias, semanas ou anos. As transformações de que a Rússia precisava seria complexa e controversa. A expressão ‘terapia de choque” estava errada e não haveria um tranco único para acabar com as atribulações do país”.
169 Choques: retirada do controle de preços, conversibilidade da moeda e liberalização do mercado – poderiam ajudar, mas não resolveriam os problemas da desordem estrutural subjacente, das falhas de suprimento de energia e outras crises interligadas.
169 “... medidas reformistas ajudariam a levar o país à imensa transformação social e econômica. Contudo, a Rússia precisaria de uma considerável ajuda internacional, inclusive os componentes de reserva financeira para a estabilização do rublo e do cancelamento de parte da dívida...”.
169 “Poderia funcionar? Eu achava que sim”. – As reformas ofereciam a melhor chance para a paz, a democracia e a prosperidade econômica. Conselho do autor à Rússia: avançar com rapidez nas reformas fundamentais: estabilização e liberalização do mercado, avançar na privatização e obter ajuda financeira externa. “Busquem a normalidade, em vez da singularidade”.
169 Grupo externo de assessores foi criado e um documento sobre estratégia foi apresentado à Ieltsin em 1991, este afirmou: “... a União Soviética não existe mais”, [...] “a Rússia logo seria independente e as reformas econômicas teriam início dentro de semanas”.
170 Em 1992 a Rússia lançou as reformas e Gaidar tornou-se o primeiro-ministro provisório, sofrendo ataques de imediato, até sua demissão. “Seria assim durante anos, com os reformistas ma conseguindo se manter nos cargos e, ainda mais no poder. A maioria das reformas implementadas não passou de pálida sombra que fora planejado”.
170 Tentativas de Obter Ajuda Externa
170 “Ajuda externa à Rússia foi tema dominante” – solicitou-se um programa de ajuda de US$ 15 milhões de dólares por ano para permitir que estabilizasse a moeda, introduzisse uma rede de previdência social para pensionistas e grupos vulneráveis e ajudasse a reestruturar a indústria, mas houve recuso em Washington.
171 Defendiam-se três ações imediatas de apoio do Ocidente à transformação da Rússia: fundo de estabilização para o rublo, como houvera à Polônia; suspensão imediata dos pagamentos da dívida, seguida por um cancelamento das dívidas russas; novo programa de ajuda para a transformação, como foco nos setores sociais mais vulneráveis da economia russa.
171 Críticos acusaram o autor de “mascatear uma forma cruel de ideologia do mercado livre na Rússia”, mas tentou-se sem sucesso, mobilizar o auxílio internacional para ajudar a amenizar as inevitáveis dificuldades que acompanharam a tentativa russa se superar o legado soviético.
171 “O FMI torceu o nariz, em parte por motivos técnicos errados – que manter u rublo soviético em circulação na antiga União Soviética, em vez de substituí-lo por moedas nacionais – e, também devido à resistência dos Estados Unidos e de outros líderes do G7”.
171 Em 1992, o “conceito de fundo de estabilização foi aprovado pelo G7, mas nunca posto em funcionamento. Quando houve a aceitação pelo grupo, Gaidar já perdera ímpeto, o Banco Central estava nas mãos de opositores das reformas e, na prática, o G7 parecia contente em deixar a proposta na geladeira. No meio da hiperinflação e do tumulto político, o timing é tudo, e o timing do fundo de estabilização foi menosprezado pelo Ocidente”.
172 Outro tropeço a enfrentar: “No sistema soviético, o rublo fora usado em toda a economia e com a União Soviética dividida em Estados, seria necessário haver outras moedas – senão cada um emitiria rublos, com seu banco central agora independente. A alternativa às moedas separadas seria um único rublo sustentado por um único banco central supranacional, porém nas condições políticas de 1992, tal nível de cooperação estava fora de questão”.
172 Conversão do rublo soviético em moedas nacionais ganha objeções pelo FMI e “havia grande ceticismo entre as autoridades russas em relação à possibilidade de tornar logo o rublo conversível”. – proposta foi retardada tempo suficiente para se tornar improvável.
173 Ainda, “supus que os Estados Unidos torceriam pelo sucesso da Rússia [...], mas duvido que isso tenha acontecido. [...] A Rússia não estava destinada a se tornar membro da União Européia e certamente não seria candidata à OTAN. Ainda era um país com mais de 20 mil armas nucleares e, [...] o apoio à sua recuperação rápida era considerado contrário aos interesses americanos”.
174 Tratamento pelo G7 da dívida soviética da Rússia foi um fracasso similar – autor defendia uma suspensão imediata e unilateral do serviço da dívida enquanto se decidia um acordo de longo prazo entre o país e seus credores. Porém, o G7 e outros representantes notificaram que o envio de “alimentos de emergência” poderia ser suspenso se a Rússia tentasse parar de pagar o serviço de sua dívida externa. E ainda, o G7 negociou uma cláusula de “obrigação conjunta e particular” com os Estados sucessores, na qual todos prometiam pagar, se necessário, toda a dívida da era soviética.
174 Tal insistência do G7 no pagamento da dívida gerou problemas políticos e financeiros e, garantiu que a Rússia ficasse sem reservas em moeda estrangeira no início de 1992. Nela, não havia proteção legal contra os credores, nenhuma suspensão legal do serviço da dívida e nenhuma injeção rápida de capital novo, “tanto a Rússia como seus credores sofreram as conseqüências”.
174 Concessão de ajuda: o Ocidente anunciou em 1992 um pacote de US$ 24 bilhões à Rússia. Foram anúncios enganadores que vieram dos países ricos em relação aos pobres. [...] Não havia dinheiro vivo para a Rússia, parte dele compreendia empréstimos de curto prazo, a juros de mercado, para permitir que o país comprasse mercadorias que não queria, de fornecedores americanos e europeus que tinham influência política em seus governos”.
175 O ano de 1992 foi ‘terrível’ para as reformas e reformistas da Rússia: “depois da liberalização dos preços, as outras reformas nunca se efetivaram ou o fizeram de forma truncada. Os controles de preços continuaram em vigor, o comércio internacional foi aberto apenas parcialmente, a moeda era parcialmente conversível, não se conseguiu a estabilização monetária e a inflação continuou”.
175 Foram conseqüências de pressões políticas que impediram uma política monetária decisiva, resultado das políticas “desastrosas” do novo presidente do Banco Central, Viktor Gerashchenko e conseqüência do FMI não ter promovido a moeda nacional russa: “confiança dos países soberanos no rublo da era soviética foi ruinosa, uma vez que os custos inflacionários se difundiram amplamente, cada país sentiu-se incentivado a emitir créditos, a ‘imprimir dinheiro’”.
175 Com a inflação de 1992, Gaidar perdeu vantagem política e Ieltsin não o “salvou” quando adversários da reforma pediram sua demissão, dada no final do mesmo ano e substituída por Viktor Tchernomirdyn – que não tinha “simpatia” as reformas.
176 Ano de 1993 – “foi um ano de luta para evitar que a hiperinflação decolasse. Para mim, foi o ano de tentar persuadir o governo dos Estados Unidos. [...] A transição de Bush para Clinton ficou claro que não haveria um grande aumento da ajuda à Rússia”.
176 Equipe de Clinton se decidira contra programa de larga escala para Rússia e que confiaria nos esforços do FMI. “Clinton elevou os níveis de apoio à Rússia e deu a Ieltsin suporte político”, amas as notícias sobre a ajuda foram exageradas, pois pouco auxílio veio em forma útil para sustentar os orçamentos, boa parte veio na forma de créditos comerciais e o FMI deu continuidade ao conjunto de políticas inadequadas à Rússia, restringindo qualquer ajuda que chegasse.
176 “Anos de Clinton” – período de queda da ajuda externa. Estes faturaram os dividendos da paz, com a redução dos gastos militares, sem investir em ajuda às regiões pobres e em crise no mundo e, no final do governo, assumiu a causa do perdão da dívida para os países mais pobres.
177 Ano de 1993 – “ano de esperanças frustradas” e em 1994, autor se desliga – “tive pouco sucesso em levar adiante iniciativas em que acreditava, em particular na idéia de usar o apoio financeiro externo para dar suporte às reformas russas”.
177 Ausência de ajuda do Ocidente teve custos altos, os russos estavam otimistas e haviam se tornado “cínicos” e “desmoralizados” nos anos 90. “A democracia teve chance no início desse período, com novas instituições de livre manifestação e meios de comunicação independentes. No final, o otimismo desaparecera e os russos estavam em busca de um líder forte com poder centralizado. Quando não conseguiram ajuda que precisaram, os reformistas foram substituídos por apparatchiks cinzentos e caçadores de fortunas corruptos”.
177 Anos de 1995 e 1996 – privatização no país se tornou atividade desavergonhada e criminosa. Os oligarcas da Rússia conseguiram bilhões de dólares de riquezas naturais, principalmente nas indústrias estatais de petróleo e gás, transformados para mãos privadas. “Criam-se bilionários [...] e os orgulhosos donos da indústria...”.
177 “Falso processo de privatização foi anunciado, dentro de um programa de ações-por-empréstimos, em que pessoas com acesso privilegiado obteriam participação nas empresas em troca de empréstimo ao governo”, tentou-se avisar o governo americano, o FMI, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e outros do G7”. Recursos do Estado seriam saqueados e o Tesouro russo sofreria, mas “o Ocidente deixou isso acontecer sem emitir um pio”.
178 Ieltsin daria os ativos do Estado e os “camaradas – os novos oligarcas – ajudariam a financiar sua reeleição em 1996”; dólares saíram dos cofres do governo e voltaram para a sua campanha.
178 Lições da Rússia
178 Autor afirma ser cedo para julgar as perspectivas da democracia e da economia de mercado russos. “Não se sabe se a Rússia se tornará um país ‘normal’, com democracia e economia de mercado em funcionamento”.
179 Porém, “oportunidades foram desperdiçadas. [...] Poderia ter se estabilizada com facilidade se tivesse contado com o fundo de estabilização, uma suspensão ou cancelamento parcial das dívidas e um programa de ajuda. Os reformistas poderiam manter seu lugar no poder. A corrupção teria sido menor e os oligarcas talvez jamais se tornassem nomes familiares. E com a receita do petróleo e gás entrando no Tesouro russo, em vez de bolsos privados, a situação dos pensionistas, desempregados e outros que dependem das receitas públicas poderia ter sido melhorada e o país teria feito os investimentos públicos necessários para crescer economicamente”.
179 E, “muita coisa também deu certo. [...] A Rússia permaneceu em paz e em cooperação com o resto do mundo. [...] Tornou-se uma economia de mercado, embora fortemente enviesada no sentido de produtos primários. A estabilização foi conseguida no final da década de 1990, depois da inflação alta seguidos pela crise do balanço de pagamentos de 1998. [...] A economia cresceu baseada nos altos preços internacionais da energia e da moeda desvalorizada que promoveu as exportações”.
179 Grande questão: Rússia se tornará uma democracia, superando a história de anos de autoritarismo?
179 Governo de Vladímir Pútin: centralizou o poder, subjugou os meios de comunicação e amordaçou a oposição independente. [...] “Como sempre aconteceu na história russa, muita coisa continua sombria”. Seus ataques aos oligarcas podem ser considerados uma contestação apropriada à riqueza ilícita ou como ataque ao tipo de riqueza independente que poderia desafiar a supremacia do Estado”. É um pouco das duas coisas. O tempo dirá.
180 A Rússia traz marcas de condições físicas e acrescenta “peça ao quebra-cabeça” da geografia econômica global, com características dominantes: possui grande território; população vive no interior, longe de portos, rios navegáveis e do comércio internacional; teve relações econômicas fracas com o resto do mundo; é de alta latitude, marcado por estações de cultivo curtas e clima rigoroso; densidade populacional é baixa devido a produção de alimentos também baixa; parte da população viveu como agricultor em aldeias esparsamente habitadas, produzindo alimentos com safras pequenas; cidades eram poucas e distantes entre si; divisão do trabalho que é dependente da vida urbana e do comércio internacional jamais foi traço dominante da vida social.
180 Com relação à obtenção de ajuda externa, os Estados Unidos via a Rússia como uma ameaça constante, em vez de uma parceira futura de comércio e política externa.
180 Autor considerava tal ajuda uma necessidade para escorar as reformas: “Sem ajuda adequada, o consenso político foi prejudicado e o processo reformista ficou comprometido e aumentou o risco de fracasso”.
181 “... quanto às recomendações relacionadas com equilíbrio orçamentário, conversibilidade monetária, comércio internacional e coisas semelhantes, essas mudanças faziam sentido com ou sem ajuda externa”.
181 E conclui: “coisas ruins que aconteceram – como o roubo em massa dos ativos estatais sob a rubrica de privatização – era exatamente oposta ao conselho que dei”.
181 E compara à China, que teve uma saída menos tumultuada de sua economia socialista e uma ascensão da economia, resultadas por suas geografias, geopolíticas e demografia e não por diferentes escolhas políticas.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Atividades de aproximação: África

No início do ano letivo de 2009, antes de iniciar as aulas propriamente ditas, foi proposto aos acadêmicos que elaborassem sua própria visão de África, o primeiro eixo temático da disciplina, conforme o plano de ensino apresentado.

A turma foi dividida em pequenos grupos, de, no máximo, quatro pessoas. Cada grupo elaborou, em papel sulfite previamente entregue, os conceitos/imagens/outros que seus componentes atribuíam à África naquele momento. Além do papel, também foram distriuídas revistas para recorte e material pedagógico, para que os grupos elaborassem cada qual um painel, o qual poderia ter o formato decidido pelos acadêmicos.

Após os debates internos e a elaboração do material proposto, cada grupo apresentou o painel elaborado, explicando o formato e o conteúdo deste.

Os objetivos foram discutir o conhecimento prévio dos acadêmicos e buscar algumas questões para debate na disciplina, bem como apresentar uma atividade possível de ser elaborada em turmas do ensino fundamental e médio, de forma prática. Assim, além da discussão do formato e conteúdo, também a aplicabilidade do método foi avaliada.

Como resultado, foram apresentados painéis variados, com alguns pontos em comum, na lógica dominação colonial-miséria-exploração, mas também os grupos trouxeram elementos de diversidade cultural, destacando o Egito, a riqueza natural (biodiversidade), a pré-história e outros elementos.

Com relação ao método, os acadêmicos destacaram a aplicabilidade em vários momentos, e ainda sugeriram que poderia se fazer um texto sobre as produções, bem como a possibilidade de retomar os conceitos e representações utilizados ao longo do desenvolvimento do eixo temático.

Buscar atividades que integrem as questões teóricas com as práticas acadêmicas é um dos objetivos da disciplina, e o método utilizado apresentou bons resultados neste sentido, conforme avaliado pelo grupo.